Capítulo inédito: Quando Eu Te Encontrar

Já que é um capítulo inédito e a primeira vez que vocês vão ler será aqui, tomarei a liberdade de colocá-lo interativo. Vou incluir umas poucas imagens do local que me inspirou. Divirtam-se!

Capítulo 8

Tornei-me incapaz de apenas olhar para você sem sofrer de uma urgência incontrolável de tocá-la.

Sean decidiu que daria um tempo para Beatrice, ou seja, os cinco dias úteis até o próximo final de semana porque ele não tinha tempo para enrolação. E precisava vê-la. Ambos só tinham os finais de semana para isso. Se perdessem um, eram mais sete dias até o próximo.

— Então não foi nada do que você planejou? — perguntou Jared, ajudando Sean com as malas.

— Não — Sean negou com a cabeça. — Eu não planejei nada, você sabe.

Eles entraram antes dos seguranças que levavam outras malas negras e rígidas, cheias de conteúdo de que eles precisariam.

— Vai ligar?

Não, Sean não ia ligar, ao menos não durante essa semana. Ele sabia perfeitamente o que queria, mas o que Beatrice queria? O que havia dito a ela era verdade, mas ela precisava se decidir se queria ao menos começar.

— Não. Agora não.

— Ah, que pena, eu estava louco pra te ver cheio de amor pelo telefone. Sabe como é, só acredito vendo — Jared se soltou em seu sofá.

— Eu não sei se gostaria que não fosse verdade — ele se sentou na poltrona e tirou um pen drive da pasta sobre a mesa, jogando-o para Jared.

Sentando-se direito, Jared pegou o pen drive e o conectou ao notebook, ficou uns minutos olhando o que havia ali e soltou o ar, virando o rosto. Não era trabalho, era a outra parte. E havia sido feia. Ele passou as mãos pelo rosto, esfregando e deixando o notebook de lado. Aquilo o fazia lembrar demais de Sean. E do que ele passou.

— Você gosta dela? — Jared insistiu no assunto, querendo acreditar que isso podia ser algo bom para todos eles.

Sean moveu os ombros, mas não chegou a dar de ombros, só apoiou os cotovelos sobre os joelhos e ficou naquela posição, olhando o chão.

— Espanta os meus demônios — ele disse baixo e acabou completando. — Ela os espanta — dessa vez ele deu de ombros, porque não sabia o motivo. — E é viciante. Se eu passar muito tempo com ela, sem eles, sem barreiras, sem meus malditos pensamentos e as memórias… Eu vou acabar gostando mais do que deveria.

Jared ficou em silencio, só o observando e sem saber o que lhe dizer. Era a primeira vez que Sean lhe dizia algo assim.

***

Na quinta-feira, quando Sean retornou ao seu escritório, Rico entrou junto com ele, falando pelos cotovelos e enumerando uma lista enorme de tarefas.

— E chegou isso — o assessor colocou cinco embrulhos em cima da mesa, assim como uma pilha de correspondência.

Sean olhou para tudo, mas os ignorou e puxou a cadeira.

— Como me mandou abrir as coisas e me livrar de tudo que não importasse — continuou Rico. — Essa é sua correspondência pessoal. E esses quatro embrulhos são amostras do pessoal do marketing, são de produtos nossos. E essa é daquela moça de D.C. Aquela que você fugiu do almoço no sábado para ver… — ele indicou o pacote menor e achatado.

Rico se sentia na obrigação de especificar, porque de acordo com sua experiência prévia, só dizer “aquela moça” não ia trazer a lembrança à mente de Sean. Mas ele ainda não sabia em que pé estavam as coisas.

— Não sabia se devia me livrar… — continuou Rico com sua tagarelice.

Sean esticou o braço e pegou o pacote, abriu e tirou de dentro um CD, duas fotos impressas e um bilhete. As fotos eram aquelas tiradas no píer. O álbum era o Mind, Body & Soul da Joss Stone. E tinha um post it colado nele que dizia: Decidi que essa é a trilha sonora adequada. Ps: A música dois se chama “Jet Lag”. Escute.

E o bilhete dizia:

Não consigo mais fingir, pensei em você o tempo todo. E estarei livre esse final de semana. Me ligue quando chegar.

Beatrice

***

No final de semana, Sean desembarcou em Washington de novo. Se aquele caso continuasse como ele esperava, já imaginava que esse seria um caminho muito repetido. Com certeza da lista de locais que mais visitou na vida, Washington e Baltimore iam subir no ranking.

— Já viemos aqui — observou Don. — Pelo menos dessa vez o Rico não está aqui para dizer que você se deu bem.

— Ele se controlou muito para não vir antes.

— Eu acredito.

— Ele já criou um drama em cima disso. Está mais preocupado do que eu.

Don sorriu, ele já imaginava Rico chegando à sala de café e dizendo seu bordão: Vocês não me contam nada! Eu preciso trabalhar aqui!

Sean ligou para Beatrice, porque é claro que ela não estava lá embaixo no horário combinado. Depois desceu do carro e olhou o prédio onde ela morava, foi estranho sentir certa nostalgia, pois há algumas semanas, quando esteve ali, ele partiu com uma sensação de perda. Havia ficado com ela uma vez e não queria deixá-la virar só um episódio em sua vida.

— Olha só, Sr. Super Ocupado! De volta num final de semana livre! — Beatrice saiu do prédio e se aproximou com um grande sorriso iluminando seu rosto.

Ela deu impulso, passando os braços em volta do pescoço dele e Sean a apertou junto ao seu corpo, enquanto sorria porque ela não deixaria aquele apelido tão cedo. Ele a beijou e gostou de como ela continuou abraçada a ele bem daquele jeito que mantinha seus corpos encaixados.

Beatrice colocou as mãos nos ombros dele e o olhou, ela havia visto sua roupa casual: jeans e camisa.

— Gostei que você veio vestido de moreno bonitão com quem eu saio em domingos inesperados — brincou.

Sean riu, ela o pegava desprevenido, quando percebia, já estava envolvido por sua personalidade cativante.

— E agora às sextas e sábados também — lembrou ele.

— Espero que sim — Bea deu um passo para trás e lhe deu aquele seu olhar gaiato e divertido, de quem viveria para aprontar com ele. — Vamos tomar café?

— E vamos comprar para a viagem?

— Confessa que você gosta de sentar na cafeteria e conversar.

— Sim, com você.

— Então vamos fazer isso, você me conta todo o trabalho que fez desde aquele dia em Baltimore e eu reclamo da minha faculdade.

Ela entrou no carro e cumprimentou Don, até perguntou sobre Marcus, pois ele que esteve junto com eles em seu encontro em Baltimore.

— E aquele seu assessor nervoso?

— Felizmente está de folga nesse final de semana.

— Ele iria querer vir junto outra vez?

— Ele nem se atreveria.

Beatrice ficou com um leve sorriso enquanto permanecia sentada ao lado dele no carro. Dessa vez ela não o faria caminhar pela capital enquanto o mantinha em um encontro que o fazia sentir como se tivesse 10 anos à menos. Na época em que devia ter beijado garotas pela rua, mas não pode fazê-lo, por diversos motivos. Depois também não o levaria para seu apartamento de universitária onde eles finalmente aproveitaram melhor o tempo que tinham juntos. Eles empregariam bem o tempo desse final de semana.

Para eles o tempo era valioso.

Sean a olhava com uma expressão divertida e ela fingia não se importar. Ele estava num encontro de novo. Beatrice o olhou uma vez e sorriu, depois voltou a olhar para frente. Pois é, ela estava mesmo saindo com alguém. Já era seu envolvimento mais sério da vida adulta, pois ia até sair da cidade com ele. Muito maduro da parte dela. Primeiro saiu de casa, agora saiu com um cara. Pessoas diriam que geralmente não era nessa ordem, mas para ela foi. Suas saídas em namoros adolescentes nem contavam mais.

— Eu sabia que você tinha se apaixonado pelo Peete’s!

Ele a observou com divertimento enquanto entravam novamente na cafeteria do primeiro encontro. Não faziam a menor ideia do que ia acontecer e nenhum dos dois planejara algo além de deixar os compromissos por um final de semana. E isso os igualava, desaparecia diferença de idade e de experiencias. Na verdade, quem já estava atrasado nessa área era ele.

A mesma senhora que os atendeu da outra vez apareceu do outro lado do balcão e os observou por uns dois segundos antes de sorrir:

— Ah, vocês estão aqui de novo. Ainda bem que voltaram juntos, assim tive certeza! Mais chá?

Antes que Sean — o bebedor de chá da dupla — respondesse, Bea confirmou:

— Sim, por favor. O mesmo chá inglês da outra vez. E um café gelado com caramelo. — Ela virou. — E você, Sean, o que vai beber?

Ele riu ao perceber que ela não estava pedindo para os dois.

— Você vai beber o meu chá?

— Parece que irei conviver um pouco mais com você. Quero experimentar.

— Espero que seja além de “um pouco mais”.

Bea só lhe deu aquele leve sorriso arteiro e ao mesmo tempo enigmático.

— Vou arriscar, vou te escolher um café. Algo gelado, doce e reconfortante, diferente da cafeína forte e quente que eu sei que você consome.

A escolha dela não foi nada chocante, só incomum para ele: café gelado com um shot extra de cafeína, chocolate e chantilly com cobertura de frutas vermelhas. Sean achou bom, mas ele riu mesmo quando o chá chegou e Beatrice desvirtuou todo o propósito ao enchê-lo de açúcar e creme. Sean não bebia o chá assim, se não era só adoçado com açúcar ou mel, ele no máximo adicionava um pouco de leite.

Eles compraram os muffins dessa vez, escolheram um de cada sabor. Sean se inclinou e a beijou, dessa vez não estava testando para ver o que aconteceria.

— Hoje é você que está com gosto de chá — divertiu-se.

— Pensei que esse chá seria horrível, por isso que pedi um café reserva. Mas eu gostei!

— Com o dobro de creme e açúcar deve ficar indistinguível.

— Vai dizer que isso corrompe o seu precioso chá inglês.

Sean riu do tom de esnobismo que ela usou e perguntou:

— Apesar do chá mais doce que já vi, você ainda vai ficar comigo um final de semana quase inteiro?

Bea se inclinou para o lado dele com outro dos sorrisos que ele já gostava, o provocante.

— Tem uma mala de mão cheia lá no carro e ela promete aguentar o pernoite.

— Eu encontrei um hotel para nos escondermos.

— Que horas você encontrou isso? — A pergunta soou no mínimo desconfiada.

— Em algum momento entre a hora que pedi ao Rico para pesquisar e quando ele retornou com as opções.

Ela riu de sua expressão ao admitir o envolvimento do assessor e passou o braço em volta do seu pescoço.

— Deu para escolher rápido — contou Sean.

— Achei romântico, agradeça ao Rico.

Sean a beijou, ele não conseguia ficar perto dela por muito tempo sem tocá-la, mas seu senso de humor e todas as pequenas provocações eram irresistíveis. Quando saíram, ele deixou gorjeta suficiente para agradecer ao local que só esteve duas vezes, mas já adorava.

***

Em sua primeira vez saindo da cidade para passar um tempo juntos, Sean e Beatrice foram se esconder no The Inn at Little Washington, um hotel que ficava a cerca de uma hora da capital. Mas já era suficiente para ser escondido na área rural da Virgínia, aos pés das montanhas Blue Ridge. O local era dividido em várias casas com aspecto histórico, algumas datando dos 1700’s e o próprio hotel era algo saído de inspirações do século XIX.

Apesar de escondido, era um retiro 5 estrelas, famoso mundialmente pela qualidade de sua comida e hospedagem. Recebera vários prêmios ao longo de sua história, consequentemente fazendo parte de uma associação parisiense de hotéis luxuosos. Foi assim que Rico encontrou o local e o colocou na lista com uma estrelinha. Se descobrissem onde seu chefe estava escondido com uma possível namorada, o assessor esperava que fosse num hotel com boa fama. O pessoal das relações públicas dos Ward agradecia o cuidado.

Sean não viu nada disso, ele só se interessou pela anotação que dizia “total privacidade, casas separadas, serviço completo por 24hs”. De resto, ele confiava no julgamento de Rico para lhe encontrar uma estadia charmosa, perto da capital e que fosse perfeito para ele passar horas com a mulher em quem não conseguia parar de pensar. E ter boas memórias para ambos.

Rico nunca tinha reservado nada assim para ele e para o assessor quase tudo era motivo de pânico. Pensou até em ir antes só para ver se estava tudo exatamente como reservou. Mas Sean teria arrancado seu pescoço. Precisava de alguma privacidade quando finalmente tinha uma mulher na sua vida. Será possível?

— Que lugar fofo e inesperado — comentou Beatrice, ao descer do carro. — Nunca pensei que tivesse algo assim tão perto de onde vim morar.

A cidadezinha era pequena, ao mesmo tempo que parecia ter parado no tempo, ainda tinha aquele ar atual. Mas quase não havia recepção de celular, era tudo linha fixa. Eles entraram na casa principal só para fazer o check-in, mas não era onde ficariam. As casas pertencentes ao The Inn at Washington ficavam nas proximidades, cada uma com um estilo. Havia só mais uma coisa na qual Sean prestou atenção: Todas as casas são bem decoradas, com projetos de designers de vários locais do mundo.

Beatrice era uma designer. Ela ia gostar, não ia?  Sean havia olhado as fotos e escolheu a Casa Claybourne para eles ficarem. Era um grande chalé ao estilo americano de séculos anteriores, tinha jardins próprios e era a mais recomendada para casais ou famílias pequenas. Todo interior era decorado até os mínimos detalhes, algum designer talentoso e atencioso trabalhou muito naquele projeto.

Beatrice atravessou o hall de entrada, por dentro o estilo histórico aceitava interferências harmonicas de modernidade. Algo que se veria em casas de famílias antigas que mantinham a tradição, lembrava filmes dos anos 20 aos 50. E mesmo assim o talento de quem planejou aquilo não deixava que ficasse decadente, eram muitas cores frescas e madeiras, mármores e peças de arte.

— Eu quero ficar amiga da pessoa que fez isso — comentou ela quando subiu a escada. — Olha esse teto! Eu estou justamente estudando sobre isso, coisa que as pessoas pararam de dar importancia. Um teto bem trabalhado muda um cômodo.

Havia duas suítes, Sean deixou que ela escolhesse sua preferida. Quando entrou no quarto e foi até a janela, Beatrice esperou até ouvir os passos dele e se virou para olhá-lo. Ela tinha um leve sorriso que parecia algo vindo da timidez que muitas vezes florescia frente às novidades da parte amorosa de sua vida adulta.

— É a primeira vez que eu viajo com um cara. Imagina a reação da minha irmã mais velha. Ela sempre me liga no final de semana. Vai dizer: Beatrice não está em casa! Sabia, mãe? Ela foi viajar com um boy moreno, ocupado e bonitão!

Sean riu, Beatrice dizia as melhores coisas. Ele não conseguia superar o jeito que ela o fazia, como alternava os tons de sua voz, incluía piadas, sarcasmo e alfinetadas tão naturalmente como o jeito que suas expressões acompanhavam as palavras. Não conseguia tirar os olhos de cima dela, mesmo quando estava apenas falando. Só os seus olhos podiam acompanhar cada nuance dela e gravar na sua mente.

— Você precisava ver o Rico quando pedi umas opções de hospedagem, parecia que eu ia me mudar para o local por um ano — comentou Sean, sabendo que ela ainda se divertia muito com o fato de ele ter um assessor pessoal que se envolvia demais em sua vida.

— Achei que ele viria! — Brincou Bea. — Você é ocupado demais para fazer o próprio check-in!

— Eu fiz o nosso check-in completo! — Ele nem tentava se defender.

Beatrice riu dele e se interessou pela decoração do quarto. Falou das cores, dos tecidos, das texturas dos acolchoados, fez piadas e mexeu nas coisas. Enquanto ela falava, nada mais existia, ele só prestava atenção. Sean queria repetir aquela experiência de dormir junto a ela. Foi coincidência da primeira vez. Ela não podia ter o poder de fazê-lo se sentir tão bem, de esquecer tudo. Especialmente o passado. Ninguém podia.

Sean se sentou e olhou um dos folders que o hotel deixara. Escutou os passos dela retornando do banheiro que ficava do outro lado de portas duplas. Dali dava para ver a banheira no meio do cômodo e Bea tinha ido ver a vista da área verde que a varanda proporcionava.

— Você está com uma cara engraçada — comentou ela. — Um pouco preocupado, mas eu acho que você nunca consegue relaxar completamente. Consegue?

— Eu consigo.

— Pelo menos aqui seu celular não vai tocar! — Exclamou ela, ao surpreendê-lo, pulando sobre suas costas e derrubando-o. — Com aquele toque de despertador!

Sean se virou, divertindo-se por ela não ter esquecido isso e a colocou sobre o colchão. Beatrice o puxou pela camisa e ele se apoiou para olhá-la.

— Nem e-mail. Ou aquele mundo paralelo que você toma conta — continuou ela.

— Nada.

Ela levantou o dedo e o passou pelo meio da testa dele, desfazendo seu franzir de cenho e acabando com sua seriedade. Sean tinha senso de humor, mas Bea já percebera que o seu Sr. Ocupado era bem sério. Não era uma seriedade que o impedia de rir ou participar de algo que ela dissesse e fazer suas próprias piadas, era algo mais intrínseco. Uma característica, olhando de fora parecia uma seriedade ameaçadora e intimidante. A verdade foi que a atraiu.

Sean observou seu rosto, depois a beijou, segurou seu rosto e mergulhou em seus lábios por tempo suficiente para aplacar um pouco a saudade e quebrar as incertezas do passo que estavam dando para dentro da vida um do outro. Beatrice se espreguiçou na cama, ainda com os olhos fechados mesmo quando ele parou de beijá-la. Ao olhá-lo ela desabotoou a parte de cima do vestido, bastante confortável na companhia dele.

Para ajudar, ele a livrou das botas e meias e não se privou de admirá-la quando voltou para o seu lado.

— Vou fingir que não passei esses dias pensando em ficar numa cama com você. Nem sabia se você ia entrar em contato — lembrou ele, mas também tinha dito que não ia deixar de vir atrás dela.

Beatrice tocou o rosto dele e deixou os dedos irem até seu cabelo escuro, ela o desarrumou mais, pois gostava de vê-lo em seu visual casual. Assim ele parecia mais com o seu caso de vinte e tantos anos, pois quando estava pronto para o trabalho, Sean parecia mais velho e bem mais maduro.

— Confessa que saímos da cidade e nos escondemos aqui para poder olhar um para o outro como agora — murmurou, olhando-o de perto.

— Eu não vou só olhar para você, Beatrice.

— Bem, isso também — ela afastou as abas do vestido e por um momento, Sean só admirou seu corpo exposto, com a calcinha e sutiã roxos. — Mas acho que a gente passa um bom tempo se olhando.

Ele tocou sua barriga, pressionando levemente sobre sua maciez e a ajudou a se livrar de vez do vestido. Sean a beijou, pressionando os lábios nos seus, ela o acariciou sobre a camisa e procurou a barra para tirá-la do caminho. O tecido bagunçou mais o cabelo dele quando passou por sua cabeça e Beatrice se virou de lado, mostrando as costas e o fecho do sutiã. Quando tornou a olhá-lo a pequena peça já estava frouxa.

Sean se aconchegou seu corpo quente ao dela, envolveu-a em seus braços e beijou seus lábios. Ela lhe dava vontade de abraçá-la apertado e perder a noção do tempo enquanto a beijava. Ele acariciou seu corpo e puxou o sutiã solto, as alças deslizaram e a peça foi jogada para trás.

— Eu queria muito te ver de novo — confessou ele, afastando-se só para poder olhá-la.

Um sorriso contente iluminou o rosto dela, Beatrice colocou as mãos no pescoço dele e o puxou suavemente.

— Vem cá. Mais perto.

Ele descansou o corpo sobre o dela, deixando-os tão próximos como era possível. Ela o segurou, passando os braços em volta dele e o acomodando entre as pernas. Sean a beijou como se não o houvesse feito ainda, devorando sua boca com intensidade e vagar, explorando-a e esfregando a língua na sua. Quando ele deixou sua boca e foi procurar a pele do seu pescoço, Beatrice estava muito excitada, molhada e desejosa.

— Eu gosto do jeito que você me beija, Sean — ela baixou o olhar para os lábios dele e não resistiu e deixou um beijo leve.

— Descobri minha nova atividade preferida: te beijar.

Ela sorriu sussurrou para ele tirar tudo. Sean se livrou das roupas e Beatrice se sentou e o abraçou, beijando seu pescoço enquanto ele a deitava na cama outra vez. Se ela queria vê-lo sem nada, ele também vinha pensando em vê-la nua há uns dias. Colocou os dedos por dentro da calcinha roxa, deslizando-a para longe do corpo dela. Beatrice afastou as pernas para o toque dele, deixando-o acaricia-la e sentir como estava úmida. Não havia sentido em esconder que quando estava com ele sua excitação a dominava rápido demais.

— Nós vamos ter um bando de tempo aqui — comentou ela, entre suspiros de prazer e o ouviu concordar com um murmúrio. — Eu só quero senti-lo agora, bem assim, enquanto me beija desse seu jeito.

Sean beijou seu pescoço, sua mandíbula e seus lábios antes de dizer:

— Você consegue tudo que quiser me oferecendo beijos.

Bea sorriu como se fosse usar bem essa informação, mas ofereceu seus lábios e segurou em seus ombros largos. Sean colocou o preservativo e deixou que ela o puxasse de encontro ao seu corpo, encaixando-se entre suas pernas. Beatrice beijava seus lábios e Sean deslizou para dentro dela suavemente, sentindo-a muito quente e úmida. Ela elevou os joelhos, apertando as pernas nas laterais dos quadris dele, deixando o prazer da conexão se espalhar.

Ele afastou seu cabelo e segurou seu rosto, movendo-se devagar enquanto a beijava, Beatrice gemia baixo contra seus lábios e respondia seus sussurros calorosos. Ela afastou mais as pernas, dando-lhe espaço para toma-la completamente. Quando a preenchia, seus quadris se encaixavam e ela inclinava a cabeça e gemia, sentindo o atrito no seu clitóris sensível.

 Sean a beijou devagar, esfregando o corpo no dela, entrando e saindo em estocadas leves e curtas que ela sentia perfeitamente, sem saber o que a enlouquecia mais, seus beijos, sua voz baixa quando afastava os lábios, seu corpo rijo a pressionando ou seu membro a preenchendo tão prazerosamente. A combinação a desequilibrava.

Apertando as pernas em volta dele, Beatrice estremeceu sob o seu corpo e contra sua boca. O gozo se espalhava deliciosamente pelo seu corpo. Sean deslizou os lábios do seu rosto ao seu pescoço, deixando o prazer dela libertá-lo. Não podia explicar sua entrega ao estar junto a ela, segurou na colcha sob eles e se deixou ir. Procurou a boca dela outra vez, Beatrice o retribuiu, imersa em sensações. Podia sentir a reação que se passava pelo corpo dele e o abraçou, instigada pela intimidade.

Beijaram-se enquanto seus corpos relaxavam, mantendo os olhos cerrados e a mente concentrada nas sensações que causavam um no outro. Ambos achavam a conexão nova e arriscada, mas eles a queriam.

— Seus olhos ficam ainda mais incríveis depois que você goza. Dourados e cheios de emoções. Como você esconde algo com esses olhos, Bea? — Um dia ele achava que se acostumaria, mas ainda não chegara a hora. Como que ele esquecia aqueles olhos?

Beatrice balançou a cabeça, mais corada pelo comentário dele do que pelo sexo que compartilharam. Ela não mentia com seus olhos dourados e expressivos, ao menos não no momento que se deixava explodir de prazer e não mentia para ele. Mas era só um envolvimento, não era? Ela não era o tipo que falava facilmente. Mesmo que já estivesse caidinha por ele.

— Eles não são dourados de verdade, você sabe…

— Sim, tem um pigmento que reflete — lembrou ele, ainda olhando-a de perto.

— Um espírito de uma menina.

— Claro — Sean sorriu, lembrava tudo que ela lhe disse na noite em que se conheceram.

Ela passou as mãos pelas costas dele, acariciando até subir pelo seu cabelo escuro que empurrou com os dedos.

— Eu gostei disso e do seu corpo no meu — contou com sinceridade, mas continuou no seu tom de provocação. — Mesmo você sendo bem pesado.

— Desculpe — disse ele, sabendo da provocação.

— Eu gosto — ela segurou nos braços dele.

Sean a levou quando se virou e se afastou um momento antes de voltar e se encaixar a ela novamente. Ele deitou a cabeça sobre o braço e a manteve perto. Pouco depois tinham esquecido o assunto iniciado e se beijavam novamente, ela ficou por cima e a segunda vez foi inevitável. Só depois investigaram juntos o grande banheiro com vista para a floresta. Foi onde Beatrice descobriu que Sean era ótimo ensaboando coisas, ou melhor, o corpo dela.

E ele estava gostando mais do que esperava de todo aquele contato. Só depois Beatrice foi ver os detalhes da decoração do resto da casa. Ela amou o candelabro de madeira da sala de jantar no térreo e se distraiu com a decoração grandiosa e inesperada do teto. Eles comeram ali, o hotel mandava uma equipe para servir um jantar intimista.

Era o segundo jantar que dividiam, mas ninguém falou disso. Depois assumiram o cansaço e voltaram para a cama, dormiram rápido, transaram no meio da noite e riram da disposição um do outro. Dormiram de novo, sempre com alguma parte do corpo em contato. Sean a abraçou por um tempo, quando se afastou ela se virou e se aconchegou, depois cansou e deixou só a mão no seu peito. Sentiam-se conectados.

Sean não conseguia e nem gostava de se conectar tão intimamente. As pessoas confundiam umas horas de sexo com intimidade. Ele vivia a diferença. Só que estava tudo ao contrário. Ele voltou atrás dela em uma decisão impulsiva, mas dessa vez tinha planejado. Tinha dito para ela parar de fingir que não queria vê-lo. E a levou para longe para alimentar sua necessidade de se conectar a ela. Mas não sabia como lidar com o resultado.

***

— Sabe que você dorme bonitinho? — comentou ela, ao voltar para a cama e se soltar em meio as cobertas. — Até que não ronca e eu acordei no meio da noite depois que dormimos de novo.

— Eu sei que você acordou. Mas sabe você também dorme bonitinho — ele riu ao repetir a alegação dela.  

— Às vezes você também acorda com a garganta seca? Ou é só quando acorda de madrugada para certas atividades físicas?

— Sim, as vezes sim. Mesmo sem atividades — ele passou os dedos pelo cabelo dela, ajeitando uma onda que se rebelara demais.

Ele só havia acordado quando ela deixou a cama. Ainda estavam tratando tudo com um ar de casualidade, mas lá estava ele junto a Beatrice e sentindo-se livre do resto. Noites sem pesadelos precisavam ser valorizadas. Agora até vislumbrava a possibilidade de não ter que explicar suas noites de sono interrompido.

O hotel prometia que dava para ver os animais quando se tomava café do lado de fora e foi o que eles fizeram. Pediram para servir na mesa fora do jardim da casa e viram os cervos e alguns pequenos animais nas árvores. Beatrice era ainda mais urbana do que Sean. Ele cresceu indo as casas de campo dos Ward e teve contato com vários animais. Ainda ia lá, sua falta de tempo atual que não vinha permitindo.

Porém, para Beatrice o campo era sempre um acontecimento e a atividade matinal que escolheu foi ficar ali fora aproveitando o ar rural e o clima ameno. 

— Até que viajar com um cara não é ruim, mesmo para bem perto — comentou ela, entretida em apreciar aquele pedaço do campo.

— Como alguém nunca tentou roubá-la nem por um dia?

— Sei lá, antes dos 18 meus pais nunca iam deixar e eu nunca fui o tipo que foge. E meu último namorado era um babaca, dei o pé nele antes de ir para a faculdade.

— Eu também não viajei com ninguém — contou ele, franzindo o cenho ao se dar conta disso.

Ela voltou para perto dele e se sentou sobre suas coxas, Sean era mais interessante do que enxergar os esquilos. Podia ver os animais outro dia, mas não tinha certeza se continuariam com seu “caso”.

— Mas você vive indo para todo canto.

— Se eu sair com alguém é depois que já estou lá. Não tenho tantas oportunidades.

Beatrice se ajeitou no colo dele e passou o braço sobre seus ombros, Sean teve vontade de rir antes de ela dizer algo só pela expressão que fazia. Mas envolveu a cintura dela e a observou.

— E o que diabos você andou fazendo esse tempo todo de vida?

— Estudei, trabalhei… Tem um bando de coisa que fiz, posso te dar uma lista de qualificações para o meu trabalho. Mas o lado que inclui te trazer aqui, acho que não vivi direito.

Um sorriso tênue apareceu no rosto dela, faltava um bando de coisa para saber sobre ele. Mas pelo que já dissera, fazia sentido ter de sacrificar vários aspectos da vida para conseguir dar conta do trabalho. Ela só não sabia ainda que para ele não era só isso. A dificuldade era mais profunda, precisava de mais investimento dele para ser curada. E Sean admitia que nunca foi sua prioridade. Ele só quis voltar a ser um cara aparentemente normal que conseguia se relacionar. Mesmo com a barreira emocional que ele não queria, mas não sabia transpor.

Ainda bem que conseguiu ser mais “normal”, pois ela o beijou e ele já gostava demais disso. E retribuiu com um bom beijo de bom dia.

— Mas beijar você aprendeu bem — provocou ela, ainda próxima demais e arrancando uma risada dele.

— Percebi que era importante.

— Nesse bando de cursos e especializações que você faz, tem um modulo para ser descarado, não tem? Confessa.

Dessa vez ele gargalhou. Bea diria que ele não só dormia bonitinho, mas rindo tão abertamente era um espetáculo. Pena que não fazia com frequência, mas valia a pena ser surpreendida por sua risada súbita e espontânea.

— Você faz várias coisas bem perfeitas além de beijar. Está aprovado!

— Certas coisas a gente tem que aprender direito ou não vai dar certo na vida. Isso eu entendi logo.

Beatrice riu, divertindo-o e jogando uma luz leve nesse assunto. Se continuassem juntos, talvez um dia ele tivesse de contar que essa parte da sua vida não aconteceu naturalmente como ela imaginava. Não, era mentira. Ele nunca queria ter de falar sobre isso com ela. Se não fizesse nenhuma merda, tinha chances de não precisar tocar nisso. E nem mesmo no que fez depois, já adulto, quando resolveu se “consertar”. Antes nem saberia dizer se realmente deu certo. As relações rasas e passageiras podiam ser causadas pelos seus danos pessoais.

Sean preferia não fazer ninguém ter que suportar essa decepção. De qualquer forma, a incapacidade de conexão já poupava o trabalho. Até acontecer sem a permissão dele e sem aviso algum. Percebeu que era possível que seu conserto não houvesse dado tão errado assim. Só não tinha acontecido ainda. Até Beatrice e seus olhos dourados surgirem à sua frente.

Capítulo 9

Meu amor é insano e faminto. E seu gosto é bom demais para eu conseguir me saciar.

Beatrice tomou coragem e discou o número do celular pessoal de Sean. Isso era ridículo, nem sabia o que estava rolando. Ela meio que estava saindo com o cara, não estava? Eles tinham até saído da cidade juntos. Então o que tinha demais em ligar? Estava só mostrando interesse. Só seria um problema se ele não quisesse atender…

— Beatrice — ele chamou do outro lado e ela percebeu que tinha divagado.

— Oi… Sean… tudo ok?

— Tudo bem por aqui e você?

Ela achou interessante que ele não gastou seu tempo falando de como a vida estava um inferno, Bea sabia que estava, portanto era o mesmo que chover no molhado. Se estava bem de saúde, nenhuma tragédia acontecera na sua vida, então estava tudo bem. Pelo jeito Sean seguia esse pensamento.

— Eu também estou bem. Eu liguei porque depois que a gente voltou, você deu uma sumida.

Como ela odiava essa parte, devia ser por isso que não se comprometia com ninguém, não procurava relacionamentos, nem se interessava. Era só dar abertura para ver a pessoa algumas vezes e esses impasses aconteciam. 

— Não eu… não sumi.

— É… você meio que sumiu sim.

— Desculpe.

— E eu curti ir lá naquele lugar. Imaginei se você… você não…

Bea não era a garota da hesitação e dos três pontinhos em suas frases, mas daí Sean também não era. E lá estavam eles.

— Foi uma das melhores coisas que fiz em muito tempo.

— E aí você ficou mudo — observou ela.

Já sabia que ele não era o tipo de cara que sumia, que só ficava mudo e deixava rolar. Se era o fim, Sean dava adeus. Portanto, se ele ia bancar o mudo com ela, mesmo que fosse doer, achava melhor cortar logo o mal pela raiz, antes que se apegasse. Só que ele estava agindo fora do seu normal e Bea nem sabia disso.

— Eu ia ligar para saber do seu fim de semana — contou ele.

— Então…

Sean umedeceu os lábios e engoliu a saliva.

— Eu estou completamente obcecado por você.

Para surpresa dele, Beatrice riu. Pois é, ela ria da cara dele e ele gostava.

— Não está não — havia diversão na voz dela.

— Ah, eu estou — no tom dele só havia constatação.

— Você não apresenta comportamento de uma pessoa obcecada.

— O problema é que as pessoas associam todo tipo de comportamento ruim com essa palavra. Como se você tivesse que automaticamente apresentar tendências homicidas e se tornar um perseguidor. Quando, na verdade, você só não consegue parar de pensar em alguém e geralmente sequer tem coragem de confessar isso. E com certeza não vai agredir ninguém.

Ele não podia ver, mas ainda ouvia o leve som de diversão vindo dela.

— E é o seu caso?

— Sim.

— Você é engraçado, Sean.

— Poucas pessoas concordariam com isso. Provavelmente só os meus primos, com ressalvas.

— Não, eu te acho divertido. Você ri do que eu falo, entende minhas piadas, pesca todas as referências e nem percebe sua própria disposição para um pouco de humor ácido.

Era só mais um motivo para ele continuar obcecado por ela. Só não quis confessar que foi por isso que não ligou antes. Era um sentimento estranho e o deixou sem ação. Algo incomum para ele, mas toda a situação com ela era atípica desde o início.

— Eu estou sempre tentando te acompanhar — contou ele.

— E você gosta quando eu implico com você.

— Eu gosto muito.

E ninguém mais fazia isso, muito menos com o talento dela.

— A gente devia se ver qualquer dia — propôs Bea.

Sean fechou os olhos, estava apertando demais o celular. Soltou o ar numa baforada longa. Aquela obsessão não queria diminuir, não adiantou nada ele ficar uns dias sem falar com ela, só o deixou frustrado.

— Nesse sábado. Você pode? — Perguntou ele.

— Sábado eu posso.

Atenção, manas: Ainda haverá revisão e pode haver mudança antes da versão final, já que é um trecho inédito.

Esse conteúdo faz parte do livro: Quando Eu Te Encontrar, o primeiro da série Ward. E tudo isso aí é spoiler se você não leu o livro.

Nos vemos na próxima! Bjuuuuxxx