Segunda Chance Para Amar
Prólogo
Abril de 1885
Nova York
A noite estava quente e o ambiente dentro do salão da mansão dos Royllers estava abafado. Por isso, alguns convidados da festa resolveram passear pelo jardim. Toda a área externa estava iluminada, não só pela lua, mas por tochas. Depois de se separar de seus irmãos e da companhia sufocante da Sra. Burke, Brice seguiu pelo caminho irregular até a fonte. Foi quando escutou um soluço. Ficou em silêncio e escutou novamente, seguiu o som e encontrou a jovem sentada em um banco escondido entre duas paredes de arbustos. Reconheceu–a imediatamente.
– Bela noite para se esconder – ele disse, assustando–a.
Ela não queria ver mais ninguém. Já bastava por hoje. Seu pai só a obrigara a vir a essa festa para humilhá-la ainda mais. Todos ficaram olhando e fazendo comentários maldosos, ou pensavam que ela não escutava ou não se importavam. Suas irmãs torciam o nariz e diziam que era ótimo ela ser a mais nova, assim desgraçara apenas a própria vida.
– Vá embora, por favor. Eu quero ficar sozinha – ela disse, sem se interessar em ver quem falava com ela.
Ao contrário do que ela pediu, Brice sentou–se ao seu lado no banco de madeira e ferro. Estava escuro, mas ela conseguiu ver quem era e não soube como se sentir sobre isso, afinal, nunca haviam passado dos cumprimentos educados nas raríssimas vezes em que se encontraram.
– Não devia se importar com isso, Annelise. Não dê ouvidos a eles. Já se passou muito tempo.
Ela não ficou surpresa por ele saber seu nome, afinal, após o escândalo a notícia deve ter chegado até aos ouvidos dele que sequer frequentava muito esse tipo de festa.
– Diga isso a eles.
– Tenho certeza que pode viver sem essas pessoas. O ar aqui fora está muito mais agradável – ele pausou, durante um tempo em que parecia puxar o ar fresco com mais força. – Você não ficou para o jantar – ela não respondia, então ele continuou conversando por ela. – Mas não perdeu nada. A Sra. Royller continua exagerada e sem paladar. Algum problema com sua língua, eu suponho. Quase não comi.
Annelise ficou olhando–o pelo canto do olho, desconfiada de sua disposição a falar com ela. Desde o seu incidente não encontrara muitas pessoas com palavras amigáveis, muito menos homens. Os poucos que se aproximaram dela haviam lhe feito propostas ultrajantes, afinal, agora que estava com a reputação na lama, não precisava mais se preocupar em ser vista em companhia masculina.
– Posso levá-la para comer, longe daqui – ele ofereceu.
– Não posso – ela negou com a cabeça e voltou a olhar as mãos.
– Eles não vão sentir sua falta – ele insistiu, odiando a forma como o perfil dela parecia agora e seus ombros não estavam mais eretos como quando ela fingira lá dentro.
– Mas sentirão a sua – ela argumentou, sem força alguma em seu tom.
– Sou livre – Brice deu de ombros, mostrando que pouco se importava com o que pensariam.
Ela ficou dividida. Queria muito sair dali, já fora humilhada demais por hoje. E ele lhe oferecia a oportunidade. Mas temia enfurecer ainda mais seu pai e receber outros castigos. Ela levantou a cabeça e olhou para as janelas da mansão, via os outros convidados circulando com taças nas mãos e falando sem parar. Não queria voltar para lá de jeito nenhum.
Ao seu lado, Brice virou o rosto e inclinou–se para trás, como se esperasse apenas uma palavra dela para entrar em ação.
– Acho que eu também. Afinal, o que mais pode piorar uma reputação que já está arruinada?
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Se você gosta de romances de época ou simplesmente curte um bom romance, descubra se a reputação de Annelise realmente não pode ficar pior e o que Brice pretende se oferecendo para ajudá-la.