- by Lucy Vargas
Quando a ideia nasceu, lá por volta de 2010, não havia Ward nenhum. Eu havia decidido que queria escrever um romance contemporâneo que se passasse em Nova York, especialmente em Manhattan. Há muitas cidades pelo mundo que gosto e pretendo visitar e talvez escrever sobre, mas NY me conquistou primeiro. E a ideia foi crescendo na minha mente. Até que em 2011 eu viajei para NY e fui pesquisar. Fiquei uma semana andando pra lá e pra cá, sem parar. Só ia pro quarto dormir ou tomar banho e me trocar e voltava pra rua. Ia para tudo que é lado, fazendo programas não muito comuns para turistas. E visitando locais que também não eram o foco de uma viagem para turismo.
Na verdade, eu meio que “estraguei” minha primeira viagem a NY. Não vi quase nenhum desses locais que você precisa ver quando vai lá. Só turistei mesmo pelos museus. A Quinta Avenida eu memorizei, de tanto que andei por ela. Afinal, minha história se passava ali.
E comi meus dólares todos! Trabalhei um ano, fiz eventos extras e o caramba para pagar a viagem e torrei tudo lá! Socorro! Se fosse agora, com o dólar a 4 reais, jamais teria conseguido fazer tudo que fiz. Em prol da pesquisa, visitei e comi em locais fora da minha realidade, tudo para ter o estilo de vida e o sentimento que eu queria passar ao criar os Ward.
Aliás, quando cheguei a NY, eles já eram os Ward. Eles amadureceram, durante 10 horas de voo. E lá eu me dividi entre pesquisar pessoalmente e voltar pro hotel exausta e pesquisar no notebook para criá-los. Afinal, criar uma família como essa e ainda por cima criar o Grupo Ward, não seria da noite pro dia. Passei muitos dias pesquisando empresas similares, fui ver a bolsa, fui para Midtown procurar a sede do Grupo Ward, fiz pergunta incomoda pros outros. Foi muito divertido! Até entrei em locais que supostamente não devia! Mas valeu a pena!
Eu só fui ingênua demais, estava criando toda uma trama complexa, queria contar o passado, uma relação acabada, uma reconciliação… E ainda achava que daria tudo num livro só. Jamais! Quando cheguei ao meio do livro 1, eu vi que ia ter que ser mais de um.
Eu “estraguei” a viagem para turistar, mas ainda me diverti demais! E deu tempo de fazer umas compras (nas lojas baratinhas, claro!). E pesquisar as lojas das marcas que eu iria fazer a Beatrice vestir. Entrava lá como se tivesse grana para comprar, mas não tinha dinheiro nem pra um chapeuzinho! hahahahahaha Mas saía com dicas, folhetos, fotos das roupas da coleção passada, valores e etc. Tudo para criar o estilo da Beatrice. Andei com um mapa e GPS para marcar as rotas que eles usariam. Fui ao prédio deles (o verdadeiro, que não se chama Clarence), bati um papo com o porteiro, fiz a RHYCA (que jamais teria condições de morar num lugar como aquele). Descolei várias informações.
Descobri muitas coisas legais da área batendo papo com locais na Park Avenue, a rua atrás do quarteirão deles, onde a Bea trabalha e a Candace Ward mora. Claro que menti à beça, disse que tava me mudando para intercambio ou para trabalho. Levei meu (antigo) namorado que morava em Boston na época, para ele descobrir coisas e corroborar mentiras, porque sabe como é, algumas pessoas falavam melhor com ele. E ainda deu tempo de comprar todas as encomendas que me fizeram, especialmente nas lojas de brinquedo.
Eu queria aproveitar a chance inédita pra mim de ir até a cidade que eu desejava escrever sobre há tanto tempo. E transformar a história em realidade, para que todo mundo sentisse que os Ward realmente existiam ali, faziam parte do dia a dia de Nova York. E acho que consegui isso, pois no livro de introdução a série – Quando Eu Olhar Pra Você – eu foco muito mais em situar os leitores, dar nomes de ruas, trajetos, locais e etc. Nos livros seguintes, isso já não é o foco. Eu ainda ambiento a história, digo para onde vão, etc. Mas é algo mais implícito, o leitor já sabe onde eles moram, como é e porquê. E se você está acompanhando uma série, isso fica na sua mente e só citar algo aqui e ali, já te faz lembrar do prédio deles e dos locais onde eles vão.
Segundo meu caderno de projetos – e eu não sei se a data é precisa – iniciei o projeto do Ward #1 em 13/06/2013. O motivo para demorar tanto a escrever o livro depois de fazer a viagem, foram inúmeros: trabalho, faculdade, cursos… E uma época da minha vida que quase desisti da escrita. Resolvi não desistir em 2012 quando terminei o livro Cartas do Passado. E desde então já escrevi vários livros! Inclusive toda a história de Sean e Bea que pra mim, começou oficialmente quando desembarquei em NY.
Enfim, agora preciso ir a NY de novo para turistar de verdade! E sentir aquela nostalgia ao passar pelos locais que os Ward frequentam! Afinal, eles continuam lá!
*Esse post faz parte de um especial sobre os Ward com vários posts de assuntos relacionados ao universo da série*